Mensagem aos Paroquianos

Tomada de posse de Frei Fernando Alberto Pedrosa Cabecinhas

Caros paroquianos:
Embora não seja de grande eloquência nem no falar nem no escrever, e muito menos dado a formalismos desnecessários, sinto-me na obrigação de dirigir uma palavra de saudação e apresentação a todos vós, confiados agora ao meu cuidado pastoral. Como fazia e mandou o Pai São Francisco, a todos dirijo a saudação de Paz e Bem!

 

1. Na Carta do Ministro Provincial, Fr. António Martins, de 12 de novembro de 2020, na qual se dava a conhecer a constituição das fraternidades e encargos provinciais para o presente triénio de 2020-2023, a obediência colocava-me na Fraternidade dos Capuchinhos do Amial, com os encargos de Guardião, Vice formador e Pároco. Poucos dias depois, em 18 de novembro, recebia do Bispo do Porto, Dom Manuel Linda, a carta de nomeação para o cuidado pastoral da Paróquia de Nossa Senhora do Amial.

 

2. Sou o nono pároco da Paróquia do Amial, criada a título experimental em 18 de outubro de 1964 e a título definitivo em 8 de dezembro de 1980. Ao longo destes anos, foram vários os párocos que me antecederam e quero aqui lembrar de forma agradecida: Pe. José Resende da Silva Leite (1964-1969), Pe. António Orlando Ramos dos Santos (1969-1975), Fr. Avelino de Amarante (1975-1982), Fr. João Santos Costa (1982-1990), Fr. António Martins (1990-2008), Fr. José Carlos Lima Rosa (2008-2011); Fr. César Pedrosa Pereira Pinto (2011-2014) e Fr. Manuel Luís de Mesquita Teixeira (2014-2020). Os dois primeiros eram sacerdotes diocesanos, enquanto a sede da Paróquia era a capela do Bairro do Amial; e os outros, sacerdotes capuchinhos, a partir do momento em que a sede mudou para a Igreja dos Capuchinhos. De pároco só tenho a experiência de sete dos onze anos vividos em Timor-Leste, mas espero ser um digno continuador de tão zelosos pastores na dedicação ao serviço do povo Deus nesta Paróquia.

 

3. Aquilo que deveis esperar e exigir de mim, e que assumo como missão a desempenhar com responsabilidade e confiado na força de Deus, passa pelo exercício fiel do múnus sagrado de ensinar, santificar e governar, que me é confiado e está bem explicitado na carta de nomeação do Bispo da nossa Diocese, de quem estou chamado a ser um especial colaborador: garantir a todos uma adequada formação catequética e apostólica; não descurar a evangelização dos que ainda não conhecem a Cristo; fazer da Eucaristia o centro e o cume de toda a vida da comunidade cristã; dar-vos o alimento da graça de Deus através dos Sacramentos recebidos com devoção e frequência e da vossa participação consciente e ativa na Liturgia; procurar conhecer bem o rebanho que me está confiado (“cheirar a ovelha”, diz o Papa Francisco!!!); promover o progresso da vida cristã em cada um de vós, nas famílias e nas associações e em toda a comunidade paroquial; atender diligentemente os adolescentes e os jovens; manifestar especial predileção pelos pobres e pelos doentes; ser sinal do amor de Cristo para com os mais desprotegidos e necessitados. Isto é, pois, o que podeis esperar e deveis exigir de mim. E espero que me auxilieis no desempenho de tão ingente missão.

 

4. Na realização da missão que me é confiada, gostaria muito de poder reproduzir o “estilo” pastoral recomendado pelo Papa Francisco, tal como ele propõe na Exortação Apostólica Evangelli gaudium. Antes de mais, o Papa convoca-nos para a missão. “Espero – diz ele – que todas as comunidades se esforcem por atuar os meios necessários para avançar no caminho duma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como estão. Neste momento, não nos serve uma «simples administração». Constituamo-nos em «estado permanente de missão», em todas as regiões da terra.” (n. 25). Esta opção missionária deveria ser “capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à auto-preservação”, e “a pastoral ordinária em todas as suas instâncias seja mais comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude constante de «saída» e, assim, favoreça a resposta positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade.” (n. 27). Isto exige que a (nossa) Paróquia seja capaz de se reformar e adaptar constantemente, de modo a continuar a ser «a própria Igreja que vive no meio das casas dos seus filhos e das suas filhas», o que supõe que esteja realmente em contacto com as famílias e com a vida do povo, e não se torne uma estrutura complicada, separada das pessoas, nem um grupo de eleitos que olham para si mesmos.” (n. 28). E tomo para mim as palavras que dirige aos bispos (sem qualquer pretensão à mitra!!!): como Pároco deverei às vezes pôr-me à frente para indicar a estrada e sustentar a esperança do povo, outras vezes manter-me simplesmente no meio de todos com a proximidade simples e misericordiosa e, em certas circunstâncias, deverei caminhar atrás do povo, para ajudar aqueles que se atrasaram; na minha missão de promover uma comunhão dinâmica, aberta e missionária, deverei estimular e procurar formas de diálogo pastoral, com o desejo de ouvir a todos, e não apenas alguns sempre prontos a lisonjear-me. Se conseguirmos concretizar, pelo menos em parte, alguns destes apelos, também a nossa paróquia estará a dar uma pequena contribuição à realização do “sonho missionário de chegar a todos” (cf n. 31).

 

5. O múnus pastoral que me é confiado, sem prejuízo do cunho pessoal de cada um, não é algo que possa exercer de forma arbitrária, baseado em meras opiniões pessoais ou de grupos. O juramento de fidelidade e a profissão da fé no ato da tomada de posse, obriga a que seja exercido na fidelidade à fé e à doutrina da Igreja, em total docilidade ao magistério do Papa Francisco e em plena consonância com a Igreja diocesana e o seu Bispo. Desejaria, pois, que os carismas pessoais e de grupos e movimentos não fosse obstáculo a esta pertença à comunidade paroquial, alargada sempre à Igreja local universal.

 

6. O vosso Pároco é um membro da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. E como franciscano capuchinho, gostaria que o ser “frade” marcasse o exercício do ministério que, como “padre” estou chamado a realizar junto de vós, convosco e para vós. Nesse sentido, gostaria que me tratásseis por “frei” (Fr. Fernando), mais do que por “padre”. Certamente compreendereis que a minha pertença à Ordem Religiosa dos Capuchinhos me obriga a cultivar na Paróquia a espiritualidade franciscana, sem prejuízo de outras, na pluralidade e enriquecimento mútuo dos carismas suscitados pelo Espírito Santo na e para a edificação da Igreja. Nesse sentido, São Francisco e Santa Clara de Assis serão modelos privilegiados no seguimento de Jesus; e a Fraternidade dos Capuchinhos, em reciprocidade vital com a Fraternidade da Ordem Franciscana Secular, será a “residência” do Pároco e o espaço vital de vivência e entreajuda fraterna para vos servir. Estou certo de que o tempo que sou obrigado a dedicar à Fraternidade dos Irmãos, em vez de me tirar dos compromissos paroquiais se traduzirá num ministério pastoral mais frutuoso para todos.

 

7. Se a Fraternidade dos Irmãos Capuchinhos constitui um enriquecimento para a Paróquia, é também necessário recordar que nunca poderá dispensar a colaboração de todos vós. A Paróquia ideal, que desejamos e sonhamos, só se torna real com essa preciosa colaboração. De facto, costuma dizer-se que “o pároco faz a comunidade e a comunidade faz o pároco”. Para facilitar este mútuo “fazer-se-nos”, podeis sempre incomodar-me, ou vindo falar pessoalmente ou contactando-me diretamente através do correio eletrónico falpeca@gmail.com ou dos números de telemóvel 914 326 500 ou 928 070 825, para além dos meios de contacto oficiais da Fraternidade e da Paróquia.

 

8. Inicio esta nova missão em tempos estranhos duma terrível pandemia que nos amedronta, e no quadro de três anos especiais proclamados pelo Papa Francisco para toda a Igreja, os quais não podem deixar de nos desafiar. Em ano especial “Laudato si” (até 24 de maio de 2021), assumindo o compromisso de cuidar mais e melhor da nossa casa comum. Em ano especial de São José (até 8 de dezembro de 2021), inspirando-nos no seu coração de Pai e patrono da Igreja. Em ano especial “Família Amoris Laetitia” (de 19 de março de 2021 a 26 de junho de 2022), dando mais atenção às famílias e cultivando o espírito de família na nossa comunidade.

 

9. Parafraseando a fórmula da profissão na Ordem dos Capuchinhos, poderia também, agora, expressar assim o meu desejo e compromisso de levar a bom termo a missão que me é confiada: Entrego-me, de todo o coração, a esta Comunidade paroquial, para que, com a eficaz ação do Espírito Santo, guiado pelo exemplo de Maria Imaculada, por intercessão do Pai São Francisco e de todos os santos, sustentado pela vossa ajuda fraterna e colaborante, possa tender constantemente à perfeita caridade no serviço de Deus, de todos e cada um de vós, da Igreja e da humanidade.

 

10 de janeiro de 2021

Frei Fernando Alberto Pedrosa Cabecinhas